segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Projeto de preservação da arte e história cemiterial é contemplado em edital - Jornal Dois Irmãos

 A história, a arte e os rituais religiosos de uma comunidade são o centro do projeto Cemitérios Patrimoniais: Preservando Memórias e Materialidades – Etapa I, selecionado no EDITAL SEDAC/LPG nº 11/2023 – Edital de Concurso Pesquisa, Registro e Memória.


Com prazo de um ano para execução, a iniciativa irá promover a pesquisa histórica nos cemitérios evangélico-luteranos de Dois Irmãos, com especial atenção às lápides esculpidas, aos artesãos que as produziram e à simbologia da arte funerária. “O projeto vai além, registrando a memória oral das comunidades, fazendo o levantamento cadastral e o registro do estado de conservação das lápides do cemitério tombado do Travessão, e ainda promovendo a preservação, com oficinas e exposições para diferentes públicos”, destaca a arquiteta Ingrid Arandt, coordenadora geral do projeto cultural. “Tudo isso já preparando uma futura proposta de restauração para conservar a riqueza histórica e artística existente nesses espaços cemiteriais”, completa.

Ao comemorar a aprovação entre os selecionados para receber financiamento da Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul – SEDAC/RS (Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais – Pró-Cultura RS), através dos recursos descentralizados da Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022, Lei Paulo Gustavo (LPG), a equipe já começou a organizar a pesquisa de campo.

O primeiro passo é a pesquisa histórica dos cemitérios evangélico-luteranos de Dois Irmãos, no Centro e no bairro Travessão. Nesse processo, será aprofundada a biografia do mestre artífice Jakob Schmitt e de seu filho, Albert Schmitt, além da pesquisa sobre os demais artesãos existentes. “Jakob é o nome mais conhecido e que assina o maior número de esculturas do período, em Dois Irmãos e região”, explica Ingrid.

Para manter a história que ainda existe sobre esses locais e sobre algumas lápides, outro alvo do projeto é o registro da memória oral dos agentes culturais das comunidades religiosas. Os pesquisadores irão conversar com integrantes das comunidades sobre o tema, buscando informações ainda existentes e o significado dos espaços cemiteriais hoje para esse público.

 

CADASTRO E ATIVIDADES PARA O PÚBLICO

O Cemitério do Travessão terá um levantamento cadastral completo, inclusive com um equipamento especial (RTK) que identifica a demarcação de cada lápide, elementos de entorno e georreferenciamento.

Na pesquisa arquitetônica, serão observados os estilos utilizados na arte funerária e as simbologias cemiteriais. Também haverá registro e caracterização estilística de cada lápide histórica, além da identificação dos danos sofridos ao longo do tempo. “Uma atividade semelhante já foi realizada em 2019 nesses cemitérios, em um primeiro projeto financiado com recursos públicos, e que estudava a arte da cantaria em pedra – o saber fazer tradicional”, conta a arquiteta.

O projeto atual prevê também atividades voltadas ao público para sensibilizar as pessoas sobre o valor do patrimônio cultural encontrado nos cemitérios, além da importância da preservação. Serão nove ações: Oficina de Conservação Preventiva em Pedra e Oficina de Fotografia de Arte Cemiterial, ambas no Cemitério do Travessão; duas visitas guiadas, uma em cada cemitério, para o público em geral; quatro visitas guiadas para alunos e professores da rede pública de ensino fundamental de Dois Irmãos; e exposição de trabalhos da Oficina de Fotografia em dois eventos, da comunidade Evangélica e da Luterana.

“Nosso objetivo é promover a conservação desses bens culturais que possuem elevado risco de desaparecimento. Vale salientar que o tombamento municipal, em 2003, foi uma importante ação para a sua preservação, contudo não garante a perpetuação desse bem às futuras gerações. Os espaços não sofreram a manutenção e conservação adequadas nos últimos 20 anos, e já se percebe a descaracterização do conjunto arquitetônico de lápides, especialmente no cemitério Evangélico do Centro”, lamenta Ingrid.

 

ACESSIBILIDADE

O projeto Cemitérios Patrimoniais: Preservando Memórias e Materialidades – Etapa I também contempla vários aspectos de acessibilidade. Na exposição de fotos produzidas na oficina, haverá audiodescrição das imagens e o folder distribuído nas visitas guiadas terá QRcode para acesso digital ao conteúdo.

Os registros em vídeo da memória oral das comunidades terão legendas para deficientes auditivos. Uma das visitas guiadas terá intérprete de Libras e as postagens em redes sociais terão a descrição de imagens para deficientes visuais (#ParaTodosVerem). Haverá tradução simultânea do conteúdo para alemão na visita guiada para idosos da comunidade e, ainda, o projeto irá desenvolver o Projeto Arquitetônico de Acessibilidade física para o Cemitério Tombado do Travessão.

O Projeto Cemitérios Patrimoniais: Preservando Memórias e Materialidades – Etapa I foi idealizado pela Mestre em Arquitetura Ingrid Arandt. A equipe principal conta com o também Mestre em Arquitetura Jorge Luís Stocker Jr., o Doutor em História Cristiano Enrique de Brum, a fotógrafa Cristânia Kramatschek, o cineasta Alexandre Derlan e a publicitária Gabriela Michels.


Fonte: https://jornaldoisirmaos.com.br/noticia/23092024-projeto-de-preservacao-da-arte-e-historia-cemiterial-e-contemplado-em-edital Publicado 23/09/2024

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